quinta-feira, julho 27, 2006

[ tradicionalismo ]

Tradicionalismo - MTG aperta o cerco contra a Tchê Music - manchete da Zero Hora.

Os meus alunos do ano passado me acusavam de ser paulista, porque eu reclamava que os CTGs (Centros de Tradições Gauchescas) eram instituições que, na realidade, exploravam as tradições gauchescas, ao invés de preservá-las. Isso tem ficado cada vez mais claro pra mim.

Esse movimento dos CTGs começou na década de 1940. Hoje, existem quase 1500 CTGs no Rio Grande do Sul e muitos outros espalhados pelo mundo (outro dia um amigo me deu a notícia de um situado no Japão). Para aqueles que acham que o RS é o melhor estado do Brasil e que Porto Alegre é a melhor cidade do mundo, isso é muito bom, mas só comprova que essas pessoas viajaram pouco.

No fundo, quem comanda os CTGs são pessoas que não tiveram contato com a cultura gaúcha, pelo menos não como afirmam. O patrão do CTG 35, famosa churrascaria e casa de shows da capital (ao lado do Bourbon Ipiranga), nasceu no Partenon, um dos bairros mais urbanos de Porto Alegre. Pergunta pra ele se ele sabe domar um potro...

Eu gosto muito das tradições gauchescas, mas não preciso ficar exaltando isso como se fosse a última maravilha do mundo. Adoro churrasco, adoro chimarrão, gosto de algumas músicas do cancioneiro gaúcho e considero a literatura gaúcha fundamental para a compreensão do regionalismo literário brasileiro.

A verdade é que o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) está lutando contra algo que eles também praticam. A Tchê Music explora as tradições gauchescas da mesma maneira que os CTGs. Ambos são movimentos culturais idealizados para turistas. Enquanto ninguém der um basta nesse pitoresco, continuaremos sendo caricarutas de nós mesmos e continuarão a nos retratar de maneira exótica no cinema e na televisão. A respeito disso, sugiro conferir o excelente ensaio do Vitor Ramil, A Estética do Frio.

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